Segundo dados estatísticos estima-se que devam nascer aproximadamente 500 mil novas crianças por ano (de primeira ou segunda gestação) no Estado de São Paulo, sendo quase metade delas nascidas na Região Metropolitana da Capital.
Também, segundo estes mesmos dados estatísticos, estima-se que dentre estas crianças, aproximadamente 50 mil podem apresentar alguma deficiência ao nascer (física, motora, intelectual ou até múltipla), representando algo como 10% da população (o último censo de 2000 indicava um percentual de 14,5% de pessoas com deficiência).
Sabe-se que, na maioria dos casos, estes números de pessoas nascidas com deficiência podem ser consideravelmente reduzidos, algo como entre 60 e 70%, apenas pela aplicação de medidas preventivas, todas elas de baixo custo e de fácil execução, como uma simples consulta médica antes da concepção pelo casal que deseja conceber uma criança.
Nesta consulta o médico poderá fornecer uma orientação aos futuros pais sobre cuidados especiais que devem ser observados, mesmo antes da concepção propriamente dita, como por exemplo: atualizar a lista de vacinas, tipo Rubéola e Tétano, além de outras; realizar os exames de compatibilidade sanguínea; identificar eventuais problemas de ordem genética familiar, etc.
Também, em caráter preventivo, tomar o ácido fólico, nome químico do ácido peteroilglutâmico, pertencente ao grupo das vitaminas B (mais especificamente da vitamina B9), que pode reduzir em até 70% as deficiências provocadas pela má formação do tubo neural e da mielomeningocele, que representam mais de 50% de todas as causas de deficiência conhecidas, excetuando-se aquelas decorrentes do mau atendimento ou de problemas eventuais na hora do parto.
O ácido fólico pode ser obtido naturalmente em vegetais verdes, cereais (principalmente milho velho), frutas, fígado, feijões, gema de ovo, farinha de trigo (decreto governamental).
O ácido tetrahidrofólico, o qual é a forma ativa dos folatos no organismo, atua com o uma coenzima em numerosas reações metabólicas essenciais. Têm um papel importante no metabolismo dos aminoácidos, os constituintes das proteínas. Está também envolvido na síntese dos ácidos nucléicos, as moléculas que transportam a informação genética nas células, bem como na formação das células sanguíneas e de alguns dos constituintes do tecido nervoso. O ácido fólico é assim essencial para o crescimento correto e para o funcionamento ótimo do sistema nervoso e da medula óssea.
Recomendações para uma ingestão diária de folatos têm sido formuladas em 27 países, sendo que muitos deles seguem as recomendações do Comitê de Alimentação e Nutrição do Conselho de Investigação Nacional Americano. No seu guia de 1989, esta organização já recomendava uma ingestão diária de 20-35 mg de folatos na dieta alimentar para bebês, 50-150 mg para crianças, 180 mg para mulheres e 200 mg para os homens. Para cobrir as necessidades durante a gravidez e a amamentação, recomendava-se, respectivamente, 400 mg e 260-280 mg por dia. Alguns especialistas, incluindo um grupo sob os auspícios da Organização Mundial de Saúde, recomendavam uma ingestão de 600 mg diários durante a amamentação.
Ocorre que 80 a 90% deste ácido fólico, extremamente instável e sensível ao aquecimento, se perde pelo aquecimento natural da cocção ou manipulação destes alimentos, somando-se ao fato de que quando um produto fica estocado por mais de 3 dias, perde 70% da sua atividade de folato, evidenciando que a simples adição do ácido fólico à farinha de trigo, como manda a lei, não é suficiente para suprir esta deficiência, afinal ninguém come Milho Velho e Cru.
É necessária a suplementação medicamentosa, sempre indicada por um médico responsável, aos futuros pais, já que ele acumula além dos conhecimentos técnicos necessários para a prescrição, outros, igualmente importantes, para a manutenção da saúde da criança e da mãe.
Via de regra, a posologia para prevenção recomendada é de 0,4 a 0,5 mg/dia, por via oral, desde 1 mês antes da concepção até a 12ª semana da gravidez.
Reforçando a necessidade de medidas preventivas, repassamos apenas para ilustrar o assunto, dados fornecidos pela AACD (Associação de Assistência à Criança Deficiente), que informa serem, dos casos de PC (Paralisia Cerebral) registrados, 35% dos pacientes tidos como paraplégicos, 28% tetraplégicos e o restante tidos como hemiplégicos, pessoas com atraso psicomotor, atetóides (pessoas que não controlam certos movimentos) e atáxicos (pessoas que não tem coordenação dos movimentos musculares voluntários), etc.
Torna-se, portanto, urgente investir na prevenção destas ocorrências, basicamente pela divulgação das informações e cuidados necessários para garantir um bom nascimento, em geral desconhecidas da maior parte da população, principalmente a de baixa renda, não se excluindo, contudo, as de classe econômica mais favorecida, igualmente desinformada.
Cabe a cada um de nós fazer a sua parte, colabore ajudando na divulgação.
José Carlos Orosco Roman
(Professor Orosco) é
Assessor da Secretaria Municipal da Pessoa com
Deficiência e Mobilidade Reduzida de São Paulo.
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